A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas
contêm em si o acidente
De perdê-las, que
perder não é nada sério.
Perca um pouquinho
a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a
hora gasta bestamente.
A arte de perder
não é nenhum mistério.
Depois perca mais
rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a
escala subseqüente
Da viagem não
feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de
mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de
três casas excelentes.
A arte de perder
não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades
lindas. E um império
Que era meu, dois
rios, e mais um continente.
Tenho saudade
deles. Mas não é nada sério.
- Mesmo perder você
(a voz, o riso etéreo
que eu amo) não
muda nada. Pois é evidente
que a arte de
perder não chega a ser mistério
por muito que
pareça (Escreve!) muito sério.
(Tradução de Paulo
Henriques Britto)
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