quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Soneto II

Que hei de fazer, amor, sem teu cuidado

quando novembro chegue às minhas veias?

Já não trarei as mãos, como hoje, cheias

de açucenas, do teu jardim velado.

 Porém, desse jardim por mim guardado

entre estas folhas de sonetos cheias,

restará a saudade - e em suas peias

um perfume de amor, de amor calado.

 E quando perguntarem: e isto, que era?

Por que uma tal lembrança murcha e rota

no teu velho caderno de poesias?

 Eu lhes direi que foi a primavera!

O sumo dos teus lábios, gota a gota,

semeando as ilusões mais fugidias.

 (Rafael Duyos)


 

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